História e Arqueologia

Reconstrução de faces do passado: entre a acurácia e a imaginação

O homem, com seus olhos profundos como carvão e um nariz proeminente em um rosto bronzeado, parece ser qualquer pessoa comum – talvez um vizinho, um pai ou um amigo. No entanto, esse homem foi nada menos que Ramsés II, um dos faraós mais poderosos do antigo Egito, que reinou por impressionantes 66 anos, durante a 19ª dinastia, a partir de 1279 a.C. Sua imagem esculpida em estátuas colossais e impressa em livros didáticos ganhou vida recentemente por meio de uma reconstrução digital de seu rosto, realizada a partir de uma tomografia computadorizada do crânio mumificado do faraó.

Reconstruir digitalmente faces do passado tornou-se uma prática comum entre os pesquisadores. Desde figuras históricas icônicas como o rei Tut e o rei inglês Henrique VII até indivíduos comuns perdidos no tempo, como uma mulher sem nome da Idade da Pedra e um homem de Neandertal, a tecnologia tem proporcionado vislumbres fascinantes do que poderia ter sido a aparência dessas pessoas. No entanto, a precisão dessas reconstruções enfrenta desafios quando os crânios fósseis estão danificados, e conjuntos de dados opacos ou tendenciosos podem limitar a fidelidade das representações.

Apesar desses desafios, avanços nas técnicas de extração e análise de DNA estão aprimorando a precisão das reconstruções faciais, permitindo que as características como cor de cabelo, pele e olhos sejam retratadas com maior fidelidade. O artista forense Oscar Nilsson enfatiza a importância do DNA como um divisor de águas para essas reconstruções, destacando como a tomografia computadorizada serve como uma estrutura científica para a criação de aproximações faciais.

A maioria dessas reconstruções começa com um crânio, muitas vezes a única relíquia disponível. Tanto Caroline Wilkinson quanto Oscar Nilsson baseiam suas representações na tomografia computadorizada, utilizando medições para aproximar o formato do rosto da pessoa. Posteriormente, os artistas colaboram com bancos de dados de tomografias computadorizadas de pessoas vivas para determinar características como músculos faciais, gordura e pele, criando, assim, uma imagem final realista e fiel.

A colaboração entre artistas forenses, arqueólogos e historiadores é crucial nesse processo. No caso de Ramsés II, Wilkinson trabalhou em estreita colaboração com egiptólogos da Universidade do Cairo para garantir a precisão histórica em relação ao status social, estilo de vida e vestimentas do governante. Quanto mais informações disponíveis sobre a vida de uma pessoa, melhor a representação final que pode ser criada. Apesar de todos os avanços, ainda paira a sombra da boa acurácia sobre tais reconstruções.

Com informações de LiveScience