Astronomia e Cosmologia

Sagittatius A se aproxima da velocidade do universo

No cerne impenetrável da Via Láctea, um espetáculo cósmico se desenrola: o buraco negro supermassivo, conhecido como Sagitário A* (Sgr A*), não apenas gira majestosamente, mas o faz quase à velocidade máxima, arrastando consigo tudo o que se aventura nas proximidades. A intrigante revelação sobre a notável velocidade de rotação foi desvendada por físicos que, valendo-se do Observatório de Raios X Chandra da NASA, monitoraram os raios X e as ondas de rádio emanadas pelos fluxos de material ao redor do buraco negro.

Nesse intrigante reino astrofísico, a velocidade de rotação, denotada como “a,” é uma métrica crítica que varia de 0 a 1. A equipe liderada pela física Ruth A. Daly, da Penn State, desvelou que a rotação de Sgr A* está situada entre 0,84 e 0,96, proximamente ao limite superior, delineado pela largura característica de um buraco negro. Este fascinante achado, descrito em um estudo recente publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, lança uma nova luz sobre os processos envolvidos na formação de buracos negros e nos fenômenos astrofísicos associados.

Os buracos negros, ao contrário de corpos celestes sólidos, são entidades cuja rotação é regida pelo momento angular, provocando uma distorção extrema do espaço-tempo na região conhecida como ergosfera. Esse peculiar efeito, denominado “arrasto de quadro” ou “efeito Lensing-Thirring”, resulta em uma dança cósmica, onde os buracos negros literalmente torcem a estrutura do espaço-tempo, arrastando consigo tudo o que se encontra dentro da ergosfera.

À medida que a luz navega nas proximidades de um buraco negro em rotação, o espaço-tempo curva-se, desencadeando o fenômeno visualmente intrigante da lente gravitacional. Este fenômeno dá origem a anéis de luz e até mesmo à formação da sombra do buraco negro, manifestações visíveis da influência gravitacional desses objetos celestiais. A velocidade de rotação máxima, teoricamente determinada pela forma como o buraco negro se alimenta de matéria e cresce, é uma janela para compreender os segredos mais profundos do cosmos.

As complexidades subjacentes a esse fenômeno fascinante começam a se desvelar quando se considera a interação entre o buraco negro e seu entorno, como os discos de acreção. Essa interação pode transferir momento angular, afetando a rotação do buraco negro. O intrigante paradoxo entre a massa colossal de Sgr A*, equivalente a cerca de 4,5 milhões de sóis, e sua velocidade de rotação entre 0,84 e 0,96, quando comparado ao buraco negro supermassivo no centro da galáxia M87, que gira entre 0,89 e 0,91, apesar de possuir uma massa gigantesca de 6,5 bilhões de sóis, aponta para complexidades ainda não totalmente decifradas nos processos astrofísicos que regem essas maravilhas cósmicas.

Com informações de Live Science