História e Arqueologia

A riqueza do rei Salomão e os registros históricos

A riqueza do lendário Rei Salomão é motivo de debate até hoje. O assunto ganhou força por conta da descoberta de fezes de animais, realizada por um time de arqueólogos em Israel, em 2013. À época, os pesquisadores descobriram os excrementos no Vale Timna e acreditaram ser algo relativamente recente.

Mais escavações foram conduzidas, a fim de revelar estruturas de muros pertencentes a uma antiga mina – minas de cobre e recintos de fundição do metal são encontrados em toda a área. Entretanto, os resultados dos testes de radiocarbono mostraram que o esterco tinha origem no século X a.C.

Antes do projeto, acreditávamos que o sítio arqueológico era da idade do bronze, relacionado ao Novo Reino do Egito, que data dentre os séculos 13 e 12 a.C. Há clara evidências da presença dos egípcios naquela época. Todavia, os testes do esterco e de outros materiais orgânicos contradisseram tal hipótese e mostraram uma data muito mais recente, época do século décimo antes de Cristo e período do Rei Salomão, de acordo com a bíblia”, afirma Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Alviv, ao National Geographic.

Nas escrituras judaico-cristãs, o rei Salomão governou um próspero reino, centrado num templo extravagantemente decorado com objetos de bronze e ouro, em Jerusalém. A descrição bíblica aponta que a construção necessitou da importação em larga escala desse material valioso, oriundo principalmente de minas próximas ao reino.

Por outro lado, os historiadores nunca chegaram a um consenso sobre a historicidade das descrições bíblicas a respeito de Salomão, do templo e da riqueza de Jerusalém da época. Alguns arqueólogos sustentam que Salomão fora, na verdade, apenas um pequeno líder local, incapaz de empreender ações memoráveis e de grande magnitude como as descritas nas escrituras.

Contudo, no final dos anos 90, outra equipe de arqueólogos encontrou, na Jordânia, uma rica área de exploração de cobre, o que indicou uma enorme produção do metal em larga escala. O local, ao lado de outros sítios na região, reforçaram a tese de que Salomão poderia ter edificado o templo conforme descrito no relato bíblico. Apesar da descoberta no Vale Timna não estar diretamente ligada ao famoso rei, ela sugere que sociedades mais complexas teriam habitado a área e que, possivelmente, tiveram de pagar tributos a Jerusalém.

As amostras do estrume, pólen e sementes permitiram que a equipe de Ben-Yosef descobrisse a base da ração para o gado da época na região. Surpreendentemente, descobriu-se que a alimentação era importada de uma região ao note dali, distante 160 km, próxima da costa mediterrânea. Isso chamou atenção, pois grandes distâncias comerciais eram essenciais para a sobrevivência no deserto, e o metal era uma commodity valiosa, justificando o alto custo das operações de transporte, apesar da distância, uma vez que o lucro era maior.

Até ontem, não possuíamos nada daquele período neste área. Agora, porém, nós não apenas sabemos que esta área foi uma fonte de cobre, como também sabemos que se trata de uma mina da época de Salomão e Davi”, afirma Ben-Yosef.

Ginger Perales (New Historian)